lunes, 19 de diciembre de 2011

MORTALIDADE



Sou mortal
porque urinei no mar
e ele se irritou comigo,
então me sacudiu entre as ondas mais grandes
e me fez quebrar com elas,
na beira.

Sou mortal
porque pisei num jasmim da pracinha
e a terra tremeu-se comigo,
fazendo-me cair no profundo do vazio,
que por tanta dor ela sentia.

Sou mortal
porque não tapei minha boca para tossir
e o ar ficou enfurecido comigo,
tirando-me do meu ponto fixo
com um tornado perseverante.

Sou mortal (a)demais
porque atravessei uma nuvem em parapente,
engoli água de uma lagoa,
mergulhei no mar preto,
fiz um boneco de neve (com nariz de cenoura),
construí minha casa (feita) de árvore em uma árvore,
despetalei 272 flores para saber se me amavam,
e ainda que não me amavam,
sobrevivi.

Sou mortal porque sobrevivo.

                                                                                                               

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